Ironias da era pós-genómica
O gato Cinnamon fez muito menos que o Sr. James Watson ou o Sr. Craig Venter, mas também teve direito a ter o seu genoma sequenciado. (notícia aqui).
O único senão é que alguém sugeriu que os gatos são um bom modelo para se estudar o HIV, o que não lhes dá grande segurança... mas é um bom exemplo de como a ciência tem um lado bom (as semelhanças genéticas entre gatos e humanos podem trazer-nos novo conhecimento) e um lado mau (corre-se o risco de se vir a usar o gato como modelo animal em maior escala)...
3 Comments:
Olá Jorge
Andava pela minha ronda semanal pelos blogs e não consegui evitar deixar um pequeno comentário a este teu post.
Qual a diferença entre um rato e um gato?
Eu percebo o que queres dizer, a minha questão é, até que ponto é que o tamanho é um critério válido para escolher ou excluir espécies de animais para fazer testes?
Até que ponto é que existe qualquer critério que permita dizer que o rato é melhor que o gato? Por se reproduzir mais depressa e ser mais pequeno e ter uma biologia igualmente útil para testar resultados e hipóteses aplicáveis a humanos? Não será qualquer animal com estas propriedades, igualmente "válido"?
Para além das "razões" que falaste, fácil reprodução e semelhanças razoáveis com o humano, que é o que se quer realmente estudar, os ratos são, evolutivamente, menos "avançados". Claro que se pode argumentar que se podem usar quaisquer outros animais, como gatos, para o mesmo objectivo - mas o único ponto que eu queria tocar com este post é o facto de os gatos serem companheiros amigáveis do ser humano há já alguns milénios, e daí que o sentimento geral que se tem por gatos não é o mesmo que em relação aos gatos...
A questão de usar animais como teste em ciência é delicada e obviamente pouco consensual. Eu com ratos nunca trabalhei, mas temo que esteja para breve... por um lado, antes de me questionar mais sobre isto, achava que não ia conseguir sacrificá-los e manipulá-los, mas... ultimamente, sabendo o contributo que podem dar a muitos trabalhos de investigação, talvez eu comece a ver isso como um mal menor. É frio, sim, e é pouco humano da minha parte... mas é uma das poucas formas que temos de fazer com que a ciência progrida em termos de aplicações em humanos. Há que dar algumas coisas em troca de outras... afinal voltamos a algo que eu costumo dizer muitas vezes: 'nunca se pode ter tudo'.
Fiz a pergunta de uma forma retórica.
Da minha parte tanto me faz que usem gatos coelhos, ratos ou cães. É equivalente.
Só coloquei a pergunta para evidenciar a constatação que a ética é uma coisa que não tem qualquer sentido lógico.
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