Dia Mundial do Cancro

Hoje é o Dia Mundial do Cancro. Este ano é dedicado ao tema "O Cancro na Criança", e em mais de oitenta países há actividades para lembrar esta problemática e chamar a atenção de todos para esta doença.

O Cancro é um dos grandes problemas de saúde dos nossos dias, e acredito que possa ser o grande problema deste século. Gostava de poder contribuir para algumas melhorias nesta área, se tiver a oportunidade de trabalhar/investigar este problema.

Ao participar em sites relacionados com histórias (fan fiction) inspiradas pelo Harry Potter, conheci muitas pessoas (especialmente dos Estados Unidos), e entre elas conheci e mantive contacto por vários meses (mais de dois anos) com uma menina e o pai dela. A Katie e o Dave O'Brien eram uma dupla a escrever uma história fantástica, intitulada Anna Grayson and the Order of Merlin, talvez melhor que as escritas pela própria J.K. Rowling. Li os primeiros capítulos e escrevia o meu comentário sobre cada um, obtendo sempre resposta às minhas perguntas e sugestões. A partir daí mantive contacto regular com o Dave e a Katie. Foi então que me contaram por que tinham começado aquela história. Na verdade, era a Katie quem escrevia a história, o pai apenas corrigia certos pormenores e enviava para o site para ser publicada - as ideias eram todas da sua "Little Red Head". A Katie tinha começado a história da Anna Grayson quando estava no hospital, a recuperar de tratamentos contra a sua leucemia. Após algumas semanas em casa em que tudo tinha regressado a algo mais próximo da normalidade, a doença voltou a atacar, e a Katie foi novamente lançada para uma cama de hospital. Sessões de quimioterapia e radioterapia que faziam doer o coração aos pais e aos leitores não a faziam parar de contar a história da sua personagem Anna Grayson, que era certamente uma imagem daquilo que a Katie gostaria de ser: a heroína de uma história de grande amizade e amor familiar. A história ia progredindo e eu apreciava a forma como uma menina de onze anos conseguia ter tanta imaginação!
Após muitos meses, finalmente o irmão, Chris, concebido para a salvar, pôde dar-lhe com muita alegria um pouco da sua medula. O transplante decorreu com grande hesitação por parte da família, mas a Katie não parava de escrever (e o pai de nos contar em fórums de opinião sobre a história como ela ia, como era a recuperação, e não deixava de publicar os novos capítulos).
A força de vontade da Katie foi algo que me tocou bastante. Em emails que trocava com o pai (que lhe transmitia os meus desejos de boas melhoras e de força, a que ela respondia sempre com muita esperança), fiquei a conhecê-los como se estivessem aqui mesmo ao lado...
A Katie concluiu a sua história (com quarenta e três capítulos), três dias antes de falecer. No dia 9 de Março de 2005, Katie O'Brien deixou-nos com muitas saudades, mas não sem um final da sua história, que era o que a fazia prosseguir.
O Pai publicou os restantes capítulos durante alguns meses, e todos os leitores ficaram deliciados com a história.

E com isto eu conheci de perto a Katie (apesar de estarmos a milhares de quilómetros de distância), e o seu caso. E no dia em que ela morreu, prometi a mim mesmo que, se um dia tiver a oportunidade de poder contribuir para avanços científicos ou tecnológicos ou outros na área da oncologia, farei o meu melhor para tentar puxar pessoas fantásticas como a Katie de novo para a vida. Porque pessoas como ela não há muitas, e o cancro não se deveria apoderar de pessoas assim.

Assim deixo o meu testemunho para nos lembrarmos dos que lutam diariamente contra este Mal, uma luta tão difícil que magoa muita gente, tanto os doentes como aqueles que todos os dias lidam com eles.

Katie, ficarás para sempre na minha memória...